Portugal aposta forte na Cultura
- Bruno Pinto
- Sep 24, 2018
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Se é verdade que Paula Rego é hoje um ícone da pintura mundial, de certa forma como Amália Rodrigues marcou, e marca, na área da música, tendo levado o fado de Lisboa aos quatro cantos do mundo, não menos verdade é que Portugal não pára de surpreender e de inovar, influenciando a cultura artística global de forma inegável.
Basta referir alguns nomes como a artista plástica Joana Vasconcelos, com os seus “corações independentes”, estruturas gigantes construídas apenas com garfos de plástico, reproduzindo os tradicionais Corações de Viana, um elemento tradicional da joalharia portuguesa, ou os sapatos de salto gigantes, feitos com panelas, ou o inovador artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, agraciado, recentemente, com o prémio “Personalidade do Ano” da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), por ter contribuído "para levar o nome do país ao exterior", em 2015, para ter uma ideia da energia cultural existente.

Vhils tem o dom de criar retratos gigantes, normalmente em edifícios devolutos, apenas usando ferramentas como o cinzel, o martelo, ou o martelo-pneumático, esculpindo as paredes de forma a criar obras em baixo relevo de grande profundidade estética. "O país, e a grande Lisboa em particular, afirmou-se como um centro da Arte Urbana. O contributo do Vhils para isso foi essencial", afirmou a presidente da AEIP, Alison Roberts, na sessão de entrega do prémio Martha de La Cal, que decorreu no Instituto de Arte e Design, em Lisboa. As declarações foram registadas pelo Expresso.
Ainda de referir que a muito premiada, Joana Vasconcelos, foi a primeira artista portuguesa a expor no famoso Palácio de Versalhes, em França.
Também no que toca ao fado, as palavras renovação e inovação fazem todo o sentido, existindo toda uma nova geração de intérpretes que levam a poesia nacional a muitos por esse mundo fora, tornando bairros como Alfama, Mouraria, ou Bairro Alto, pontos obrigatórios de paragem de milhares de estrangeiros que visitam a capital portuguesa. Entre os mais notáveis herdeiros de Amália Rodrigues ou Carlos do Carmo, destaque para Camané, Marisa, Ana Moura, Carminho ou Cuca Roseta, só para destacar alguns. Importa sublinhar que o fado, à semelhança do cante alentejano, e, curiosamente, da arte chocalheira, fazem já parte da lista de Património Cultural Imaterial da Humanidade, da Unesco.

O interesse do país pela arte é também claramente visível em iniciativas como a campanha pública de angariação de fundos para aquisição da tela “A Adoração dos Magos”, do pintor português Domingos António Sequeira (1768-1837), lançada no primeiro trimestre deste ano pelo Museu Nacional de Arte Antiga. Todos os cidadãos, que assim o desejaram, puderam contribuir para a angariação dos 600 mil euros para aquisição da tela ao proprietário privado, e, certo é, a referida obra já se encontra no Museu de Arte Antiga, em Lisboa.
A intenção do Governo Português de manter a coleção Berardo no País, uma das mais importantes coleções de arte moderna da Europa, avaliada em 316 milhões de euros, ou a abertura, prevista para breve, de um espaço onde expor as 85 obras do artista espanhol, Joan Miró, que se encontram em posse do Estado, são outros dois bons exemplos da importância dada à arte em Portugal.
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